segunda-feira, 25 de novembro de 2013

COISAS QUE SÓ ACONTECEM COMIGO

PRESEPADA NA ESCADA - PARTE FINAL

Se perdeu o começo da história e quiser acompanha-la desde o inicio, leia diretamente a sessão ao lado COISAS QUE SÓ ACONTECEM COMIGO

...Eu estava na frente da porta.
Fiz o sinal da Cruz.
Abri a porta.
Dois passos para a direita.
A porta se fecha e eu no breu total, era o meu dia.
Cheguei no começo da escada, os dois primeiros degraus eram fáceis, e fiz conforme o ensaio, devagar, mas beeeeem devagar eu coloquei o pé direito no degrau de cima, inclinei o corpo, doeu tudo, mas resisti, devagar, devagar e consegui subir o terceiro degrau, meta batida, falta o recorde.
Fiz o mesmo, lentamente como uma lesma com artrose eu fui subindo meu pé direito para o quarto degrau e PORRA, a luz acende. Fiz os cálculos, eu levei em torno de uns 7 minutos para subir um degrau.
Mas não ia desistir, e nem voltei pro começo, resolvi ficar ali, imóvel, até a luz apagar, para poder já começar do terceiro degrau.
Esperei, a luz apagou, e ai acendeu.
Que merda! - Gritei eu
- O que houve? - Perguntou a supervisora do RH, motivo pelo qual a luz havia se acendido.
- Nada não, bati o pé na escada.
- Mas porque você estava na escada no escuro?
- Me deu câimbra quando eu fui subir, ai esperei passar quando a luz apagou, e a senhora entrou pela porta bem nesse momento.
- Mas você não havia dito que tinha batido o pé na escada?
Eu disse isso????
- Então, tive câimbra,  ai a luz se apagou e quando fui subir no escuro bati o pé na escada.

Ela não acreditou muito, ela estava também subindo, e não sei porque eu mesmo indo pra cima, resolvi descer.

- Você não estava subindo?
- Estava mas já que está dando meu horário achei agora melhor voltar e já bater meu cartão.
- Ahhh

Papinho besta mas porque ela me fazia tantas perguntas, e que hora de resolver subir as escadas?
Resolvi esperar ela voltar, ela voltaria já que o setor dela era no andar debaixo.
Ela voltou depois de uns 5 minutos, foi pegar alguma coisa no andar de cima e eu tinha mais umas 2 a 3 tentativas, devido horário e tentei, tentei e tentei e nada.
Achava que meu desafio havia chegado ao fim, que desilusão.
Cheguei uma hora mais cedo e por incrível que pareça cheguei atrasado no trabalho e pior, a supervisora veio me perguntar porque eu havia batido o cartão atrasado se ela tinha me visto antes do horário

- É porque eu acabei resolvendo bater papo e esqueci de bater

Meu Deus, minhas invenções vão acabar acabando com minha vida profissional naquela empresa, mas quando eu coloco algo na cabeça não tem Cristo que faça eu mudar de ideia.
Por quase uma semana eu tentei e não passava do terceiro degrau.
A cada problema com cliente era uma tentativa.

Mas um belo dia meu deu um CLIQUE.
Se o sensor estava voltado para o andar de cima e a porta era do lado oposto à parede que eu subia, se eu for bem encostado eu tenho mais chances.

E na primeira oportunidade eu tentei. Fui direto para o terceiro degrau, e ao invés de eu tentar subir com o corpo reto eu coloquei as costas encostada na parede.
Eu fiquei meio torto devido o corrimão mas dei um jeito de me colocar de uma forma que o corrimão ficasse bem na minha lombar, ai eu teria mais contato com a parede e de lado eu tentei, devagar, como sempre, respirando e pela minha surpresa eu consegui já na primeira tentativa colocar o pé direito no quarto degrau

UHU RECORDE

Cade o povo do Guenness book quando a gente mais precisa?

E agora ficou fácil, porque de lado eu só tinha que subir a perna esquerda e foi o que eu fiz, sem roubar (dessa vez) eu já estava no andar de cima.

Eu me senti o rei, logo ia desafiar algum maluco para bater meu recorde mas pensei e não achei ninguém que se submeteria a essa babaquice.

Eu acho que desde a primeira tentativa até esse recorde já tinha se passado um mês para mais, para vocês terem ideia de como eu estava fissurado.

Mas não conseguia passar do quarto.
Era meu fim?
Quase, porque uma determinada vez eu estava no quarto degraus tentando o quinto e a luz de acende.

- Alexandre, você de novo no escuro? E agora encostado na parede, o que está havendo?
Pensa Alexandre, pensa Alexandre.
- Então, eu senti uma coceira nas costas e estava tentando coçar, sabe, aquelas insuportáveis, mas ai enquanto eu estava coçando a luz de apagou.
- Mas só com você que a luz se apaga?

Ela já estava ficando puta comigo

- É sim, como eu ando bem devagar devido meu joelho - sim, eu já tinha problema de joelho naquela época - eu vivo tento problemas com esse sensor, até porque ele só funciona bem quando alguém desce, quando subimos sempre da problema.

CALA-A-BOCA Alexandre, vai estragar tudo.

E estraguei, ela pediu para alguém chegar o sensor e conferir o que eu havia falado.
Bom, mantive meu emprego porque o rapaz da manutenção confirmou que o sensor estava LIGEIRAMENTE voltando para o décimo quinto andar.

Que droga, mas bem, se é para eu bater o recorde que seja honestamente e mesmo com o risco de outra gafe tentei e ai não conseguia mais checar no quarto degrau.

Ia até o terceiro, com certa facilidade mas ao colocar o pé no quarto degrau a luz acendia.

Por umas 2 ou 3 semanas eu havia desistido de tentar, até porque não ia ter outra desculpa estúpida para falar para quem me pegasse no flagra.

Até que algo extraordinário aconteceu.

Como que por um milagre eu ouço uma senhora da limpeza, que era anã, falar que desde um tempo ela teve mais facilidade em subir o andar porque as luzes se acendiam mais rapidamente. O povo da limpeza eventualmente também subia as escadas.
E eu por curiosidade fui perguntar

- Ola, desculpe a curiosidade, mas porque a senhora tinha dificuldades em subir as escadas?
- É que quando eu tava limpano as escada pra acende de novo eu tinha que levantar as mão se não não acendia de maneira nenhuma.

Pra que ela me disse isso, dia seguinte, ao invés de só ir encostando na parede resolvi fazer isso deitado, me arrastando pelo chão, já que se ela que tinha 1m30 ou algo assim tinha dificuldades imagina quem estivesse deitado.

E lá fui eu, quis fazer uma tentativa que seria a melhor de todas, cheguei mais cedo, rezei para ninguém aparecer, e fiz o ritual
ABRIR A PORTA
DAR DOIS PASSOS PARA A DIREITA
ESPERAR A PORTA FECHAR
ESPERAR A LUZ SE APAGAR
CHEGAR NO COMEÇO DOS DEGRAUS

E ai mudou minha técnica, logo no primeiro degrau eu já me deitei, encostei as costas na parede.
Um gênio eu, porque deitado o corrimão não me machuca e eu ganhei uns centímetros.
Minha regra era que o recordo só valeria se eu colocasse o pé na escada, porque deitado com as mãos nos degraus eu já conseguia tocar o terceiro degrau facilmente.

Comecei.
A melhor opção que me veio para me ajudar no impulso era por as mãos pra cima e me puxar com a ajuda do corrimão.
E funcionou, eu era jovem, tinha força nos braços e nas pernas, apesar da lesão do meu joelho que eu já havia operado e por sinal tinha feito várias fisio-terapia até mesmo enquanto eu trabalha nessa empresa que eu estava.
Eu fui puxando o corrimão com minha mão esquerda. A mão direita eu coloca no degrau de cima para me puxar e com pequena ajuda dos pés era o impulso que faltava para eu subir cada degrau, pouco a pouco.
Meus pés chegaram no segundo degrau, e nada da luz acender.
Quando eu coloquei os pés no terceiro degrau meu corpo já estava no quarto e minha mão direita no sétimo, uma glória, mas o que valia eram os pés.
A cada pequeno movimento eu parava para respirar, porque prendia a respiração para não ter um movimento brusco. Na verdade nem sei porque eu prendia a respiração.
Acho que se passou uns 10 minutos e eu já estava com os pés no quarto andar.
Mais um, só mais um e eu bato um novo recorde.
E fui. Minha mão já tinha alcançado o oitavo degrau, ou seja, um lance inteiro da escada estava literalmente nas minhas mão, e mais um pouco meu recorde estaria batido e do jeito que estava eu dificilmente não chegaria ao oitavo andar e como fazer a curva lá em cima eu decidiria mais pra frente.
Me puxei, coloquei o joelho meio que de lado no quinto degrau, meu puxei mais um pouco, para respira e ACENDE A LUZ, e ai ouço uma voz

- O que esta acontecendo?

Era o diretor

- Que diabos você está fazendo no escuro deitado nas escadas moleque?

Na hora eu não pensei em nada e comecei a gemer

- Ai ai meu joelho, meu joelho, ai ai, ta doendo

Ele mudou o tom de voz.

- O que houve? Fala?
- Eu estava subindo, desde lá debaixo porque fui resolver um problema no décimo andar (sim, havia departamentos no décimo andar, nada a ver com o meu mas foi o que eu pensei na hora) e para ir mais rápido vim pelas escadas e parei para descansar, ai a luz se apagou e quando comecei a andar, no escuro, eu tropecei.. essa luz ai - falei meio puto - sempre fica direcionada para quem esta descendo e é isso que da, agora me ferrei
- Calma, não se mexe, vou chamar a enfermaria

Eu não me mexi, até porque tava cagando de medo
Veio a enfermeira com advinha quem, a supervisora do RH.

- Alexandre, o que aconteceu agora, pelo amor de Deus.
- Eu cai, machuquei meu joelho, ai ai, que dor
- Se isso for mentira você será demitido por justa causa sabia?
- QUE MENTIRA O QUE, AI AI AIA,

O diretor chamou ela de canto, enquanto a enfermeira me ajuda a levantar, fui levado meio que carregado para a enfermaria, tive dispensa esse dia para ir ao hospital e fazer alguns exames.
No dia seguinte fui para a empresa mas fiquei em "observação".
A supervisora não acreditava na minha história, também pudera.
Mas o que ninguém esperava é que mesmo eu mantendo minha história com a maior cara lavada, uma semana depois, quando o "laudo" saiu, constataram que eu tinha água no joelho, "possivelmente causado por uma torção, batida ou QUEDA".

Chupa supervisora.

Claro que ia dar alguma coisa, eu já tinha operado o joelho, eles sabiam disso porque o departamento de RH já tinha todo o meu histórico e sempre que eu fizesse exames ia dar alguma coisa.

A boa notícia é que escapei ileso de qualquer repreensão profissional, tive cuidados especiais durante o período de recuperação, alguns dias não fui trabalhar para poder "me tratar".

A má, má não, a péssima notícia é que devido meu problema e eu ter "jogado na cara" do diretor que o sensor estava mal colocado para o pessoal que apenas descia as escadas, todos os sensores foram redirecionados e nunca mais eu pude tentar nada, nem tentaria, já estava passando dos limites

Mas uma vez eu tentei de novo, uma única vez eu fui tentar, só que o que aconteceu nesse dia fica para uma próxima vez.

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